15/08/2017
O Brasil viveu em 2016 uma epidemia causada pelo zika vírus que preocupou todo o País, principalmente por sua ligação com a microcefalia. A doença que é transmitida por um mosquito já comum em nosso cotidiano – Aedes aegypti – expandiu-se rapidamente em nosso território, fazendo com que pesquisadores levantassem a hipótese de que a doença pudesse ser transmitida por outros vetores também. Uma pesquisa publicada neste mês, agosto de 2017, confirmou a suspeita dos pesquisadores e o potencial da zika ser transmitida por mosquitos Culex quinquefasciatus, popularmente chamados de pernilongos ou muriçocas.
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Culex quinquefasciatus, popularmente chamado de pernilongo ou muriçoca. Créditos: Domínio Público
As pesquisas com o Culex começaram em 2016, através de mosquitos que foram coletados em Recife, cidade onde a população desses é cerca de 20 vezes maior do que a população de Aedes. No ano passado, pesquisadores da Fiocruz identificaram pela 1ª vez a presença do vírus no interior destes mosquitos, e neste ano, análises genéticas reforçaram as descobertas.
Pela primeira vez no mundo, pesquisadores de Pernambuco isolaram e sequenciaram o genoma do zika vírus encontrado nos mosquitos Culex de Recife. As análises em laboratório comprovaram que o vírus é capaz de se replicar dentro dos mosquitos e alcançar a glândula salivar deles. O estudo confirmou também, que a presença de partículas do vírus na saliva dos mosquitos é uma indicação de que ele possa transmitir o zika ao picar uma pessoa. Para investigar o potencial na transmissão do vírus da zika através de Aedes e Culex, os pesquisadores removeram os intestinos e as glândulas salivares de ambos, e a carga viral encontrada nos dois mosquitos foi bastante semelhante.
Os resultados encontrados servirão de base para que os pesquisadores verifiquem a taxa de mutação do vírus dentro dos mosquitos e assim quantifiquem a sua capacidade de replicação. Mais pesquisas na área são de fundamental importância, já que as características genéticas dos mosquitos são completamente diferentes, e que por conta disso, as medidas para o controle dos dois vetores também devem ser distintas.